O estado de São Paulo será pioneiro no Brasil ao construir o primeiro túnel imerso, que conectará Santos e Guarujá através do fundo do mar. O governador Tarcísio de Freitas participa, nesta quinta-feira (27), do lançamento do edital de concessão do projeto, cujo investimento é estimado em R$ 6 bilhões. O valor será dividido entre os governos estadual e federal, além de contar com participação da iniciativa privada.
A nova ligação promete reduzir significativamente o tempo de deslocamento entre os dois municípios, atualmente realizado por balsa ou por um percurso rodoviário de 40 km. O túnel será acessível para veículos de passeio, caminhões, transporte público, ciclistas e pedestres, além de contar com uma faixa adaptável para o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT).
A obra integra o Programa de Parcerias de Investimentos do Estado de São Paulo (PPI-SP) e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O projeto será executado por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP), e a concessionária será responsável pela construção, operação e manutenção da estrutura por 30 anos.
Como será o túnel imerso Santos-Guarujá
O túnel terá 870 metros de extensão e será instalado a uma profundidade de 21 metros abaixo do nível do mar. A travessia interligará as regiões de Outeirinhos e Macuco, em Santos, ao bairro Vicente de Carvalho, no Guarujá.
O projeto busca solucionar um dos principais desafios logísticos do país. Atualmente, cerca de 21 mil veículos fazem a travessia diariamente por balsas e catraias, além de 7,7 mil ciclistas e 7,6 mil pedestres.
A escolha da localização foi baseada em estudos de mobilidade, garantindo uma estrutura centralizada no canal para atender às demandas logísticas e permitir a expansão do Porto de Santos.
Etapas da construção
A obra utilizará a tecnologia de túnel imerso, composta por módulos de concreto pré-moldados que serão posicionados no fundo do mar. O processo seguirá diversas etapas:
- Preparação do solo: Uma trincheira será escavada no leito do oceano para abrigar os módulos, que ficarão sobre placas de concreto.
- Construção dos módulos: Os segmentos do túnel serão fabricados em uma doca seca, com reservatórios internos para garantir flutuação inicial.
- Transporte e posicionamento: Após testes de vedção, os módulos serão transportados até o local por rebocadores.
- Imersão e acoplagem: A água será removida dos reservatórios, permitindo que os módulos afundem e se conectem.
- Proteção: O túnel será coberto por uma camada de pedras para evitar impactos de embarcações e ancoragens.
O projeto executivo foi validado por consultorias internacionais e já possui licença ambiental prévia.
Impactos e benefícios para a região
A construção trará melhorias na mobilidade urbana e impulsionará o desenvolvimento econômico da Baixada Santista. O tempo de deslocamento será reduzido, as filas nas balsas serão eliminadas e haverá maior integração dos sistemas de transporte.
Além disso, o Porto de Santos poderá expandir suas operações, já que o túnel não interfere no tráfego marítimo, ao contrário de uma ponte.
A concessionária será remunerada por uma tarifa cobrada dos usuários e, dependendo dos estudos de viabilidade, poderá contar com uma contraprestação pública durante a operação.
Com o lançamento do edital, a obra avança para a fase de viabilização e implementação, concretizando uma demanda histórica da região.