“Seu rosto é tão bonito, por que você não emagrece? Só não emagrece por falta de esforço. Não sente aí porque vai quebrar.” Essas e outras frases preconceituosas, além de piadas, olhares julgadores e risadas de canto, infelizmente, fazem parte do comportamento de brasileiros ao se referir a pessoas obesas.
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Todas essas situações foram vividas pela assistente de coordenação escolar Eveliny Gonçalves, de 36 anos. Nesta sexta-feira (21/3), a moradora do Bairro Santa Maria será submetida à cirurgia bariátrica, após mais de uma década lutando contra a obesidade.
Eveliny e outros cinco pacientes foram escolhidos para passar pelo procedimento entre sexta-feira e sábado, após serem acompanhados por um ano e meio a dois anos no GSD (Grupo de Saúde Diária), programa da Prefeitura de São Caetano para o tratamento de obesidade em adultos com IMC acima de 35. São Caetano é pioneira no País a oferecer cirurgia bariátrica gratuita na rede pública.
No GSD, os pacientes com obesidade são acompanhados por uma equipe multidisciplinar, composta por psicólogos, nutricionistas, cardiologistas e gastroenterologistas, entre outros especialistas, para que possam ser considerados aptos à cirurgia bariátrica, quando necessário.
Uma luta de anos contra a obesidade
“Tive uma vida muita ativa com os esportes até os 18 anos. Pratiquei ginástica artística, handebol e vôlei, além de artes marciais”, lembra Eveliny, que casou aos 19 e teve três filhos (um menino e duas meninas) até os 25 anos. “Após a terceira gestação veio a depressão, uma companheira constante, assim como a compulsão alimentar. Tentei algumas dietas, mas sem ter como cuidar da saúde mental, tudo foi em vão.”
Em 2020, ela se mudou para São Caetano do Sul e iniciou o acompanhamento no GSD no ano seguinte. Entretanto, precisou interromper o tratamento devido à incompatibilidade com seu trabalho na época. Retomou as consultas em 2023, passou por todas as etapas e conseguiu reduzir 17 kg antes da cirurgia, indo de 164 kg para 147 kg.
“A obesidade me impediu de realizar atividades que sempre me trouxeram a sensação de prazer e bem-estar, como esportes e dança. Já deixei de viajar e de passear em parques de diversão com os meus filhos por estar cansada demais ou por vergonha dos olhares, piadas e até mesmo pelo constrangimento de não caber nos brinquedos do local onde estaríamos”, relata Eveliny.
Ela reconhece que a cirurgia não é uma solução imediata, mas uma etapa essencial para uma vida mais saudável.
“Não vejo a hora de ter a liberação médica para praticar atividades físicas”, projeta, ao agradecer à equipe da Secretaria de Saúde. “O atendimento de todos é excepcional. Os médicos sempre foram muito carinhosos, atenciosos, pacientes e motivadores comigo. Estou ansiosa para o que o futuro me reserva com essa nova versão de mim.”
Mais qualidade de vida e novas oportunidades – São Caetano
Outro paciente que passará pela cirurgia nesta sexta-feira é Sidney Guerreiro, de 52 anos. Desde a infância, ele enfrentou comentários ofensivos e brincadeiras maldosas por conta do peso.
“Recentemente perdi um emprego por conta da obesidade”, conta Sidney.
Agora, ele espera que a cirurgia bariátrica permita que ele volte a realizar atividades simples, mas que se tornaram um desafio devido ao excesso de peso.
“Minha expectativa é ter mais qualidade de vida.”
A cirurgia será realizada pela equipe do Dr. Paulo Regina, especializada no procedimento e na reabilitação dos pacientes pós-bariátrica.
São Caetano é referência no tratamento da obesidade
Com a oferta da cirurgia bariátrica gratuita, São Caetano do Sul se destaca como uma das únicas cidades do Brasil a oferecer o procedimento pela rede pública.
O programa GSD mostra que um tratamento estruturado e humanizado pode transformar vidas, garantindo mais saúde, autoestima e qualidade de vida para quem sofre com a obesidade e suas consequências.
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Fonte: PMSCS | Texto: Mark Ribeiro/PMSCS
