O ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues, protocolou nesta sexta-feira (16) um pedido ao Supremo Tribunal Federal (STF) para suspender as eleições convocadas pela entidade, que estão previstas para o próximo dia 25. A solicitação foi direcionada ao ministro Gilmar Mendes, relator do caso e responsável por decisões anteriores envolvendo a presidência da confederação.
A movimentação ocorre um dia após Ednaldo ser afastado do cargo por decisão do desembargador Gabriel de Oliveira Zefiro, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ). A medida considerou uma denúncia de falsificação da assinatura de Antônio Carlos Nunes de Lima, ex-vice-presidente da CBF, em um acordo homologado pelo STF que havia encerrado, até então, a disputa judicial pelo comando da entidade.
Mais cedo, o interventor nomeado pela CBF, Fernando Sarney, confirmou a realização do novo pleito. Ele ocupa interinamente a presidência desde a decisão do TJRJ.
STF decidirá mérito do caso dias após a eleição
Na petição apresentada ao Supremo, os advogados de Ednaldo argumentam que o julgamento definitivo sobre a legalidade dos acordos firmados entre o Ministério Público e entidades esportivas — incluindo o que sustentou a permanência do dirigente no cargo — já está agendado para o próximo dia 28, apenas três dias após a data marcada para a eleição.
Segundo a defesa, a realização do pleito antes do julgamento representa “afronta à autoridade jurisdicional do STF” e gera “grave risco de nulidade superveniente, com consequências institucionais irreparáveis”.
Gilmar Mendes ainda não definiu quando tomará uma decisão sobre o pedido.
Entenda o impasse
A crise institucional na CBF se intensificou em dezembro de 2023, quando o TJ-RJ anulou a eleição de Ednaldo Rodrigues com base em uma ação que questionava a legalidade do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado entre a entidade, o Ministério Público e outras federações. O acordo, celebrado em 2022, previa a realização de novas eleições, nas quais Ednaldo saiu vitorioso.
Na ocasião, Gilmar Mendes concedeu uma liminar suspendendo os efeitos da decisão do tribunal fluminense, o que permitiu que Ednaldo permanecesse no cargo. Em fevereiro deste ano, o mesmo ministro homologou oficialmente o acordo que sustentava a gestão do dirigente, colocando um ponto final temporário na disputa.
A nova reviravolta veio após alegações de que a assinatura do ex-vice-presidente Antônio Carlos Nunes teria sido forjada no documento que embasou o pacto homologado. Isso levou à decisão recente do TJ-RJ de afastar Ednaldo Rodrigues novamente e abriu caminho para que Fernando Sarney conduzisse a nova eleição.
Agora, com o STF prestes a julgar o mérito da legalidade dos acordos que sustentaram a atual estrutura da CBF, o cenário permanece instável — e com potencial para novos capítulos nos próximos dias.