O prefeito Marcelo de Lima (Podemos) foi afastado do cargo nesta quinta-feira (14) por decisão judicial, após ser alvo de uma operação da Polícia Federal que investiga suspeitas de corrupção, lavagem de dinheiro e participação de agentes públicos em organização criminosa.
A medida cautelar, válida por um ano, impõe o uso de tornozeleira eletrônica, proibição de deixar a cidade sem autorização judicial, restrição de circulação à noite e nos fins de semana, além de vedar contato com outros investigados.
Detalhes da operação
A Polícia Federal havia solicitado a prisão de Lima, mas o pedido foi negado pela Justiça, que optou pelo afastamento. Durante a ação, foram presos um empresário e um servidor municipal apontado como operador financeiro do prefeito.
No mês passado, esse servidor já havia sido alvo de outra operação, quando foram encontrados cerca de R$ 14 milhões – parte em dólares – em seu poder. Considerado foragido, ele teria, segundo a PF, pago despesas pessoais do prefeito e de familiares, além de intermediar supostos repasses de propina ligados a contratos nas áreas de obras, saúde e manutenção urbana.
Nesta quinta-feira, a PF apreendeu ainda aproximadamente R$ 1,6 milhão com outros investigados, valor que segue sendo contabilizado. O presidente da Câmara, Danilo Lima (Podemos) – primo do prefeito – e o suplente de vereador Ary José Oliveira (PRTB) também estão na mira da investigação.
Vice-prefeita assume comando
Com o afastamento, a vice-prefeita Jéssica Cornick (Avante) assumiu o Executivo municipal. Aos 38 anos, Cornick é sargento da Polícia Militar desde 2005, promovida a cabo em 2016 e a sargento posteriormente. Ela deixou a corporação no ano passado para ingressar na política e foi eleita ao lado de Lima em 2024, no segundo turno, com 55,7% dos votos. Este é seu primeiro cargo eletivo.
Trajetória política de Marcelo Lima
Natural de São Bernardo do Campo e nascido em 1983, Lima é formado em gestão pública. Foi eleito vereador em 2008, reeleito em 2012 e presidiu o diretório municipal do PPS.
Em 2022, conquistou mandato de deputado federal pelo Solidariedade, mas perdeu o cargo no ano seguinte, após decisão do Tribunal Superior Eleitoral por desfiliação partidária sem justa causa.
Em outubro de 2024, venceu as eleições para prefeito pela coligação “SBC cada vez melhor”, derrotando Alex Manente no segundo turno. Pouco depois de assumir, em janeiro de 2025, foi condenado pelo TRE-SP, junto com a vice-prefeita, ao pagamento de multa por uso indevido de bens públicos durante a campanha.
Investigações em andamento
Segundo a Polícia Federal, as apurações continuam e podem levar a novas medidas judiciais e denúncias ao Ministério Público. A operação investiga supostos esquemas de corrupção envolvendo contratos públicos e movimentações financeiras irregulares.
As autoridades também analisam documentos e mensagens apreendidos, que indicariam pagamento de propinas e favorecimento de empresas em licitações.
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Por: Odair Junior