A Polícia Federal (PF) indiciou nesta quarta-feira (20) o ex-presidente Jair Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) pelos crimes de coação no curso do processo e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.
Investigação sobre atuação nos EUA
Segundo a PF, as investigações apontam que Eduardo Bolsonaro teria atuado junto ao governo do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para promover medidas de retaliação contra autoridades brasileiras e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Nos últimos meses, o governo norte-americano anunciou ações contra o Brasil, como o tarifaço de 50% sobre importações, uma investigação comercial contra o Pix e sanções financeiras contra o ministro Alexandre de Moraes com base na Lei Magnitsky. Trump e aliados afirmam que Bolsonaro é alvo de uma “caça às bruxas” e que Moraes age contra a liberdade de expressão e empresas de tecnologia.
Denúncia e afastamento
A investigação foi solicitada em maio ao STF pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, que pediu apuração sobre a suposta tentativa de Eduardo em incitar o governo dos EUA a adotar sanções contra Moraes.
Em março, Eduardo Bolsonaro pediu licença de 122 dias do mandato e se mudou para os EUA, alegando perseguição política. Na última sexta (16), o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), encaminhou à Comissão de Ética um pedido de cassação contra o parlamentar, protocolado por PT e PSOL.
De acordo com a PF, Jair Bolsonaro teria enviado recursos via Pix para custear a estadia do filho nos EUA enquanto ele buscava apoio internacional.
Julgamento da trama golpista
O ex-presidente também é réu na ação penal que trata da tentativa de golpe de Estado, cujo julgamento está marcado para 2 de setembro no STF. No processo, Bolsonaro e outros sete aliados — entre eles Augusto Heleno, Anderson Torres, Braga Netto e Mauro Cid — respondem por crimes como organização criminosa armada, tentativa de golpe, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e deterioração de patrimônio público.
A exceção é o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Abin, beneficiado por decisão da Câmara que suspendeu trechos da ação referentes a fatos posteriores à sua diplomação.
Outros núcleos da trama golpista já estão em fase de alegações finais e devem ser julgados ainda em 2025.
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*Com informações: Agência Brasil