Santo André foi alvo neste fim de semana de uma prática perigosa e recorrente: a soltura de balões. Na noite do último sábado (23), 11 destes objetos ganharam o céu da cidade carregados com fogos de artifício. O ato irresponsável acabou resultando em problemas de grandes proporções: três endereços no bairro Campestre em chamas, com o galpão de uma empresa totalmente destruído e a residência ao lado apresentando rachaduras na estrutura, obrigando a família a deixar o imóvel e se abrigar na casa de parentes durante os trabalhos para controle do incêndio.
>>mais notícias: Santo André
O prefeito Gilvan Ferreira se solidarizou com as vítimas e afirmou que as autoridades já estão investigando os responsáveis, os quais serão identificados e punidos.
“Soltar balões é crime e coloca vidas em risco, como vimos com os incêndios que atingiram famílias e empresas em nossa cidade. Me solidarizo com todos que sofreram prejuízos e reafirmo que estamos atuando junto às forças de segurança para identificar os responsáveis e puni-los com o rigor da lei. A cidade não pode ser refém de atitudes inconsequentes que colocam em risco a população e o patrimônio público e privado”, afirma o prefeito Gilvan.
No Brasil, essa prática é caracterizada como crime ambiental, de acordo com a Lei nº 9.605/98. O artigo 42 diz que fabricar, vender, transportar ou soltar balões traz como pena multa e/ou detenção de um a três anos.
Durante os eventos da noite de sábado, o Departamento de Proteção e Defesa Civil de Santo André foi acionado para inspecionar os imóveis afetados. O galpão do imóvel localizado na altura do número 802 da Rua dos Coqueiros, ao qual foram necessárias 14 viaturas do Corpo de Bombeiros para conter o fogo, foi condenado à demolição após grande prejuízo estrutural. As chamas foram tão fortes que se alastraram para o imóvel aos fundos (com frente à Avenida Industrial, altura do número 2.397), que foi parcialmente atingido. Já a residência ao lado teve um corredor interditado pelo risco de queda de uma parede.
Outro endereço atingido foi um terreno na Rua Sumaré, onde o fogo se alastrou na vegetação e em madeiras. O Corpo de Bombeiros evitou que as chamas chegassem a algumas moradias e também à linha férrea. Um quarto ponto que acabou sofrendo com a queda de um balão foi um terreno localizado entre a Avenida dos Estados e a Avenida Guaratinguetá, no Jardim Alzira Franco. Em razão da vegetação do local, da presença de entulhos e também do vento, o fogo se espalhou e dificultou o trabalho dos Bombeiros. Inclusive ainda neste domingo havia chamas e fumaça no local – inclusive uma equipe da Defesa Civil auxiliou na tentativa de extinguir o incêndio.
“Soltar balões é crime ambiental e representa um risco grave à segurança da população e ao patrimônio urbano. Infelizmente, esse tipo de ocorrência reforça o alerta que temos feito ao longo do ano: balões não são inofensivos. Eles podem provocar incêndios de grandes proporções, colocar vidas em risco e comprometer estruturas essenciais da cidade”, explica a diretora do Departamento de Proteção e Defesa Civil, Priscila Oliveira.
Não bastasse a prática criminosa, ainda há um agravante para a soltura de balões, pois esta época do ano é período de estiagem, com menor índice pluviométrico e baixa umidade que favorecem que o fogo ganhe grandes proporções – um risco, inclusive, para áreas de mata, parques e reservas de proteção ambiental. E além de causar incêndios em vegetações, construções e na rede elétrica, a soltura de balões ocasiona acidentes aéreos e coloca em risco a vida humana e toda a biodiversidade.
“A Defesa Civil tem intensificado ações de conscientização, especialmente nas redes sociais, para informar sobre os perigos dessa prática. Mas é preciso que toda a sociedade se engaje. A prevenção depende da colaboração de todos, seja denunciando, seja evitando comportamentos que coloquem a cidade em risco”, indicou a diretora da Defesa Civil andreense.
Mais um registro – Na manhã deste domingo (24), funcionários do Parque Natural Municipal do Pedroso retiraram um balão que estava preso no galho de uma árvore. Não foi constatado incêndio ou outro dano na unidade de conservação. Em maio deste ano, quatro pessoas foram autuadas pela Polícia Ambiental após um objeto similar, considerado de grande porte (com cerca de 20 metros), também ter caído no local. Cada infrator recebeu multa de R$ 10 mil.
“A população pode colaborar denunciando atividades suspeitas, contribuindo para a prevenção de novos incidentes”, sugeriu Priscila Oliveira.
Denúncias podem ser feitas à Guarda Civil Municipal (153), à Polícia Militar (190), à Delegacia de Crimes Ambientais (Dicma) pelo número 4330-6007 ou ao Semasa, por meio dos números 0800-4848115 e 4433-9300 e pelas redes sociais (@semasasantoandre). Em caso de incêndio, o Corpo de Bombeiros deve ser acionado pelo telefone 193. As denúncias podem ser acompanhadas de fotos e vídeos, incluindo o número da placa de veículos que transportam balões.
_________
Fonte: PMSA | Texto: Dérek Bittencourt e Susi Elena