A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP) divulgou nesta terça-feira (7) novo balanço sobre os casos de intoxicação por metanol no estado. Até o momento, foram registrados 176 casos, sendo 158 em investigação, 18 confirmados e 85 descartados. O número de óbitos chegou a 10, com três mortes confirmadas e sete ainda sob análise.
De acordo com a SES-SP, 38 novos casos foram descartados nas últimas 24 horas após análises clínicas e epidemiológicas, enquanto 35 novos pacientes passaram a ser investigados. A pasta reforça que as primeiras horas de atendimento são decisivas para salvar vidas e, por isso, adotou um protocolo padrão em todas as unidades de saúde do estado. O procedimento orienta as equipes médicas a considerarem, como primeira hipótese diagnóstica, a intoxicação por metanol em pacientes que apresentem sintomas após o consumo de bebidas destiladas.
Os sintomas mais comuns incluem sonolência, tontura, dor abdominal, náuseas, vômitos, confusão mental, taquicardia, visão turva, fotofobia, convulsões e acidose metabólica. O tratamento é iniciado imediatamente, e o caso é classificado como “suspeito” até a confirmação laboratorial. A intoxicação por metanol é considerada grave, podendo causar cegueira permanente e até morte. A substância pode estar presente em bebidas alcoólicas adulteradas, combustíveis, solventes e produtos de limpeza.
A Secretaria informou que as unidades de saúde estão preparadas para atender os pacientes e orienta a população a evitar o consumo de bebidas de origem desconhecida. Pessoas que apresentarem sintomas após ingerir bebidas alcoólicas devem procurar atendimento médico imediato, realizar exames laboratoriais e avaliação oftalmológica. O socorro dentro das primeiras seis horas após o início dos sintomas é considerado essencial para evitar o agravamento do quadro clínico.
Para reforçar a rede de atendimento, o Estado distribuiu 2.500 ampolas de álcool etílico absoluto às unidades públicas de saúde. O medicamento é utilizado como antídoto e garante resposta rápida e padronizada aos casos de emergência.
No campo da fiscalização, o governo estadual intensificou as operações de combate à adulteração de bebidas. Nesta segunda-feira (6), uma ação da Polícia Civil, por meio da 1ª Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas (Cerco), resultou na apreensão de mais de 100 mil vasilhames vazios em um galpão clandestino localizado na Vila Formosa, zona leste da capital. O espaço funcionava como uma empresa de recicláveis, mas servia para o comércio de garrafas de destilados que seriam reutilizadas irregularmente. Outras 6 mil garrafas com bebidas sem origem comprovada também foram recolhidas.
Desde o início da força-tarefa, 18 estabelecimentos foram vistoriados e 11 interditados por irregularidades sanitárias — sete na capital, dois em Osasco, um em São Bernardo do Campo e um em Barueri. Um dos locais em São Paulo teve a interdição parcial suspensa pela Justiça e pela Vigilância Sanitária Municipal. Além disso, a Secretaria da Fazenda e Planejamento suspendeu preventivamente o registro de seis distribuidoras e dois bares.
No total, 42 pessoas foram presas em operações contra a falsificação de bebidas desde o início do ano, 21 delas apenas na última semana. Mais de 16 mil garrafas adulteradas foram apreendidas desde o dia 29 de setembro, e o número sobe para 66 mil desde janeiro. As investigações apontam que alguns produtores clandestinos utilizavam metanol para lavar embalagens ou aumentar o volume das bebidas, o que pode ter causado os casos de contaminação.
Das amostras analisadas, duas apresentaram presença de metanol acima do limite permitido pela legislação. Os resultados foram encaminhados à Polícia Civil para auxiliar nas investigações. O governo mantém sigilo sobre detalhes das apurações para não comprometer o andamento das diligências.
A rede estadual de laboratórios também foi reforçada. As amostras de sangue e urina dos pacientes são analisadas pelo Laboratório de Toxicologia Analítica Forense (LATOF) da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto, com o apoio do Instituto Adolfo Lutz. O método utilizado, a cromatografia gasosa, permite a detecção do metanol em até uma hora após a coleta.
A SES-SP informou ainda que 2 mil novas ampolas de álcool etílico absoluto foram enviadas aos hospitais, somando-se às 500 já disponíveis na rede de referência, garantindo estoque suficiente para os atendimentos emergenciais.
Denúncias sobre bebidas adulteradas ou irregularidades em comércios podem ser feitas de forma anônima pelo Disque Denúncia 181 ou no site da Polícia Civil de São Paulo (www.webdenuncia.sp.gov.br). O Procon-SP também recebe relatos por meio do Disque 151 e do site www.procon.sp.gov.br, que conta com um canal específico para casos relacionados à contaminação por metanol.