Facilidade de acesso, cores vibrantes, promessas de ganhos financeiros elevados. Tudo estrategicamente pensado para cooptar mais e mais pessoas. Mas, depois dessa tríade quase que irresistível, vem a frustração, a dilapidação do patrimônio, a depressão. É o que acontece com muitos dos que dedicam tempo e colocam dinheiro em bets e em cassinos online.
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O vício em apostas é uma condição de saúde mental grave, reconhecida pela OMS (Organização Mundial de Saúde), que envolve um padrão compulsivo e incontrolável pelo jogo. Ele se manifesta por meio de gastos excessivos de dinheiro e tempo, levando a problemas financeiros e sociais. O vício é alimentado por descargas de dopamina que geram gratificação instantânea, semelhante ao efeito de drogas e álcool.
Em São Caetano, há estrutura de atendimento para tratar o vício em bets e cassinos online no CAPS AD (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas). “O acolhimento é feito por um profissional de Saúde que verifica a demanda. Caso o paciente seja um caso elegível para o tratamento, é realizada discussão por equipe multidisciplinar para a criação de um plano terapêutico”, explica o coordenador municipal do serviço de Saúde Mental, Rafael Lourenço.
Levantamento da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) revela que 23 milhões de brasileiros fizeram ao menos uma aposta em plataformas online no ano passado. O número equivale a 15% da população do País com mais de 16 anos. Há mais apostadores do que investidores em CDBs, em fundos e em ações da Bolsa juntos.
Apesar de o número de apostadores não parar de crescer, ainda são poucos os que reconhecem o vício e buscam ajuda. “Os casos que recebemos apresentam grave deterioração da saúde mental, levando a sentimento de culpa, impotência, ansiedade e episódios de depressão. Isso fica evidenciado pelo risco de suicídio, que é 15 vezes maior que o da população sem adição e três vezes maior que o da população com outras adições, como em drogas”, alerta o coordenador do CAPS AD, Daniel Pequeno.
O vício pode trazer consequências sérias para os apostadores, como perda de bens e endividamento; aumento de ansiedade, depressão e frustração; isolamento social, problemas familiares e, em alguns casos, demissão por justa causa. Atividades saudáveis e responsabilidades são substituídas por horas e horas de jogo.
“É uma adição silenciosa e muitos demoram para procurar ajuda ou apresentar crítica sobre o prejuízo desta dependência”, conclui Daniel Pequeno. Por conta do aumento do problema, o psicólogo do CAPS AD Renan Scapin abriu espaço na agenda para atendimento em grupo específico para pacientes com dependência em jogos e apostas – o plano terapêutico inclui também atendimentos individuais, de acordo com cada caso.
O CAPS AD Zoraide Maria Rampasso fica na Rua dos Castores, 10, Bairro Mauá. O atendimento é de segunda a sexta-feira, das 7h às 18h. O telefone é o 4233-7540.
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Fonte: PMSCS | Texto: Mark Ribeiro/PMSCS