Estão abertas até o dia 30 de abril as inscrições para o programa Black STEM, que oferece bolsas de estudo de até R$ 35 mil para estudantes negros brasileiros interessados em cursar graduação em instituições no exterior nas áreas de ciências, tecnologia, engenharia e matemática — áreas conhecidas pela sigla STEM (em inglês). A iniciativa é do Baobá – Fundo para Equidade Racial, com apoio da B3 Social e parceria da Brasa, associação de estudantes brasileiros no exterior.
A lista com os nomes dos selecionados será divulgada em 11 de julho, no portal do Fundo Baobá. Mais do que apoio financeiro, o programa oferece suporte emocional, psicológico, mentorias e uma rede de apoio entre os estudantes, reforçando o compromisso com a permanência e o bem-estar dos bolsistas durante sua jornada acadêmica fora do país.
Uma ponte entre passado e futuro
Para a diretora de Programa do Fundo Baobá, Fernanda Lopes, o projeto resgata o protagonismo negro na ciência e tecnologia e abre caminhos para o futuro:
“Por isso, afirmamos que o Black STEM não é ‘apenas’ um programa de bolsas complementares para apoiar a permanência de estudantes negros em cursos de graduação completa em instituições estrangeiras. Por exemplo, a primeira médica da história da humanidade era uma egípcia; o pai da engenharia no Brasil, André Rebouças, foi um homem negro. O Baobá, ao instituir o Black STEM recupera a memória das contribuições negras para a ciência e tecnologia mundial e reitera que, no futuro, grandes descobertas e avanços também poderão ser protagonizados por pessoas negras”, explica.
Experiências que transformam
Na primeira edição do Black STEM, cinco jovens foram contemplados com a bolsa. Entre eles está Eric Ribeiro, de Caieiras (SP), que atualmente estuda engenharia aeroespacial e física na Universidade de Notre Dame, em Indiana, nos Estados Unidos. Ele conheceu o programa por meio de uma analista do Instituto Social para Motivar, Apoiar e Reconhecer Talentos – Ismart, e destaca o apoio familiar como peça-chave para encarar essa nova fase da vida.
“Minha família sempre apoiou muito minha conexão com o Baobá – eles se envolveram bastante no processo, encantados com a proposta do programa e tudo o que ele representa”, disse o estudante, que enfrentou dificuldades com o clima e a saudade da família.
“A adaptação é um processo longo. O clima, a comida e a distância da família foram os maiores desafios. Acredito que neste semestre já esteja mais acostumado ao frio de Indiana e à falta do arroz e feijão de casa – coisas que, com o tempo, vão pesando menos, à medida que encontramos novos amigos e nos adaptamos à culinária local.
No entanto, a saudade continua sendo um ponto difícil. A distância é uma constante: não dá para contornar, só para encurtar – e isso só acontece de meses em meses, quando tenho a chance de voltar”, afirmou o estudante.
Apesar das dificuldades, Eric destaca os pontos positivos como fundamentais para o seu desenvolvimento.
“Estar em um campus onde todas as minhas atividades acontecem me permite criar laços profundos. Acredito que os amigos que fiz aqui são para a vida toda, pelo tempo e intensidade que vivemos juntos. E, além disso, a proximidade com os professores e a chance de aprender com eles no dia a dia têm sido fundamentais para o meu crescimento acadêmico e profissional.”
Suporte que vai além da sala de aula
Eric também ressalta a importância do apoio oferecido pelas instituições envolvidas no programa.
“Tmbém recebo suporte neoemocional e psicológico, o que tem sido essencial para minha saúde mental longe de casa. As mentorias, as oportunidades de networking e a rede de apoio formada por outros bolsistas também fazem diferença. Sentir que não estou sozinho na jornada e que há um coletivo torcendo por mim transforma toda a experiência”, afirmou.
Sobre a escolha pela Universidade Notre Dame, ele comenta que foi uma decisão que envolveu tanto sentimento quanto estratégia.
“Sobre a Universidade Notre Dame, foi uma escolha que uniu coração e estratégia. Desde as primeiras conversas com alunos e professores, percebi que era um lugar onde eu poderia crescer em todas as dimensões – acadêmica, pessoal e social. E foi exatamente isso que encontrei aqui.”
Mais histórias inspiradoras
Além de Eric, outros quatro estudantes foram contemplados pelo programa na primeira edição:
- Camilla Ribeiro, de Vitória, que está em Portugal cursando pilotagem;
- Diovanna Stelmam, de São Paulo, que faz na China o curso de computação;
- Melissa Simplício, do Rio de Janeiro, que estuda ciência da computação nos Estados Unidos;
- Rilary Oliveira, de Diadema (SP), que faz medicina na Argentina.
As trajetórias reforçam o impacto positivo da iniciativa, ao criar oportunidades reais para que jovens negros possam acessar universidades de ponta ao redor do mundo e construir um futuro promissor, com mais equidade e representatividade.
Como se inscrever
As inscrições devem ser feitas até o dia 30 de abril pelo site oficial do Fundo Baobá: https://baoba.org.br. No site, também estão disponíveis os critérios de seleção e orientações para a candidatura. O resultado da seleção será divulgado no dia 11 de julho.
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*Com informações: Agência Brasil