O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira (10), em depoimento ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que jamais cogitou realizar um golpe de Estado para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, eleito presidente do Brasil em 2022.
O depoimento ocorreu em Brasília, no âmbito da ação que investiga uma suposta trama golpista envolvendo o ex-presidente e outros sete réus. Bolsonaro negou ter discutido qualquer medida inconstitucional com integrantes do seu governo.
“Da minha parte, nunca se falou em golpe. Golpe é abominável. O golpe até seria fácil começar. O afterday é imprevisível e danoso para todo mundo. O Brasil não poderia passar por uma experiência dessa. Não foi sequer cogitada essa hipótese de golpe no meu governo”, declarou Bolsonaro.
Bolsonaro faz brincadeira com Alexandre de Moraes durante depoimento
Durante a audiência, Bolsonaro surpreendeu ao fazer uma brincadeira com o ministro Alexandre de Moraes:
“Eu gostaria de convidá-lo para ser meu vice em 2026.”
A resposta de Moraes veio com bom humor:
“Eu declino.”
O momento descontraído entre os dois chamou a atenção, já que Bolsonaro e Moraes protagonizaram diversos embates intensos no cenário político e jurídico recente. O gesto, ainda que breve, sinalizou uma trégua momentânea no clima tenso que normalmente marca as interações entre ambos.
STF investiga envolvimento de Bolsonaro em possível articulação golpista
Durante o interrogatório, Bolsonaro também foi confrontado com as declarações do tenente-coronel Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens. Cid prestou depoimento na segunda-feira (9), na condição de delator, e afirmou que o ex-presidente presenciou a apresentação de uma minuta golpista, teria sugerido alterações e proposto a inclusão da possibilidade de prisão de ministros.
Bolsonaro negou as acusações e contestou a autenticidade do documento.
“Não procede o enxugamento. As informações que eu tenho é de que não tem cabeçalho nem o fecho [parte final]”, disse.
Ainda segundo o ex-presidente, nenhuma atitude tomada por ele durante seu mandato contrariou a Constituição.
“Da minha parte, eu sempre tive o lado da Constituição. Refuto qualquer possibilidade de falar em minuta de golpe e uma minuta que não esteja enquadrada na Constituição”, completou.
Depoimento deve se estender até o fim da noite em Brasília
A oitiva de Jair Bolsonaro, que ocorre na condição de réu, deve seguir até as 20h. O interrogatório é conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, com participação prevista do procurador-geral da República, Paulo Gonet, e dos advogados de defesa dos demais réus.
Bolsonaro e mais sete investigados compõem o núcleo 1 da denúncia formalizada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que apura a tentativa de subversão do resultado das eleições presidenciais de 2022.
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Por: Odair Junior/*Com informações: Agência Brasil
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil