O Brasil ocupa a segunda posição no ranking global de casos de hanseníase, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), ficando atrás apenas da Índia. Dados do Ministério da Saúde de 2024 mostram que, entre 2014 e 2023, foram registrados quase 245 mil novos casos da doença no país. Diante desse cenário, o mês de janeiro é marcado pela campanha Janeiro Roxo, que visa conscientizar a população sobre a hanseníase, reforçando a importância do diagnóstico precoce e combatendo o estigma que ainda envolve a condição.
“Diferente do que se acreditava séculos atrás, a pessoa com hanseníase não precisa se isolar e se afastar do convívio social. O mais importante é saber que a doença é curável e, por isso, é necessário que o diagnóstico seja precoce e assertivo para o sucesso do tratamento”, explica o dermatologista Antonio Lui, do hospital Santa Casa de Mauá.
O que é a hanseníase e como ocorre a transmissão
A hanseníase é causada pela bactéria Mycobacterium leprae, que atinge a pele e os nervos periféricos, podendo levar a danos sensoriais e físicos. É considerada uma doença crônica e silenciosa, com maior incidência entre homens e pessoas com baixa imunidade.
A transmissão ocorre a partir de uma pessoa infectada e que não esteja em tratamento, por meio de secreções das vias respiratórias. No entanto, pessoas em tratamento não transmitem a doença, reforça o especialista.
A hanseníase apresenta quatro subtipos clínicos, variando de formas leves a intensas, e pode atingir qualquer pessoa. Seus sintomas incluem:
- Perda de sensibilidade na pele;
- Dormência em algumas áreas do corpo;
- Manchas claras ou avermelhadas na pele;
- Dor e fraqueza muscular;
- Pele seca e ausência de suor;
- Queda de pelos, especialmente nas sobrancelhas;
- Sensação de choques ou fisgadas nos nervos;
- Olhos e nariz ressecados;
- Nódulos e febre.
“Um dos maiores problemas da hanseníase é a falta de informação, a dificuldade e a demora no diagnóstico. Por essa razão, na presença de qualquer um dos sintomas, é muito importante buscar ajuda médica”, alerta Antonio Lui.
Diagnóstico e tratamento estão disponíveis pelo SUS
O diagnóstico da hanseníase pode ser feito por meio de diferentes métodos, como testes rápidos com amostras de sangue, baciloscopia de secreções ou biopsias de pele. Após a confirmação, o tratamento deve ser iniciado imediatamente. No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece gratuitamente o tratamento medicamentoso, que pode durar de 6 a 12 meses, dependendo da gravidade da doença.
Uma pessoa em tratamento pode levar uma vida normal, sem impacto social ou psicológico, embora algumas sequelas possam persistir. “Mesmo com o tratamento adequado e completo, a doença pode deixar algumas marcas, como a perda de sensibilidade nas áreas afetadas e a fraqueza muscular”, explica o dermatologista.
Outro aspecto importante é a necessidade de exames em familiares e pessoas que convivem com o paciente. Como medida preventiva, todos os contatos próximos devem ser avaliados para detectar possíveis infecções e iniciar o tratamento, se necessário.
O desafio do combate ao preconceito
Além dos desafios médicos, a hanseníase ainda enfrenta barreiras sociais, como o preconceito e a desinformação. Historicamente associada a estigmas de isolamento, a doença carrega um peso cultural que dificulta o acesso ao diagnóstico e ao tratamento. Por isso, campanhas como o Janeiro Roxo desempenham um papel essencial para educar a população, desconstruir mitos e reduzir o impacto social da hanseníase.
“A conscientização é o melhor caminho para combater a hanseníase e o preconceito que ela carrega. É fundamental que as pessoas saibam que a doença tem cura e que o tratamento é eficaz e seguro”, enfatiza Antonio Lui.
Santa Casa de Mauá
A Santa Casa de Mauá, que também apoia as campanhas de conscientização sobre hanseníase, disponibiliza atendimento especializado em dermatologia. A unidade está localizada na Avenida Dom José Gaspar, 1374, Vila Assis, Mauá. Para mais informações, acesse o site https://santacasamaua.org.br/ ou entre em contato pelo telefone (11) 2198-8300.