O carnaval de 2025, que começa oficialmente no dia 1º de março, trouxe otimismo para diversos setores do Rio de Janeiro, especialmente para vendedores ambulantes e donos de bares e restaurantes. O pré-carnaval mais longo, resultado da data tardia da festa, já movimenta a cidade e impulsiona o faturamento de quem trabalha com turismo e entretenimento.
Ambulantes comemoram vendas em alta
Com 20 anos de experiência como vendedor ambulante na Lapa, região boêmia do centro do Rio, André Pacheco está confiante em um aumento significativo nas vendas. Ele atribui o otimismo ao fluxo maior de turistas e à duração do pré-carnaval, que este ano se estende por quase dois meses.
“É como se tivesse uma alavancada de no mínimo uns 50% nas vendas”, afirmou André, destacando o movimento constante de foliões que migram de outros blocos para a Lapa.
A ambulante Maria do Carmo, fundadora do Movimento Unido dos Camelôs (Muca), reforça a importância da festa para a categoria. “O carnaval é o momento em que a gente tira o nosso 13º salário”, disse ela. Maria também destacou que os blocos de pré-carnaval oferecem mais oportunidades de vendas, beneficiando diretamente os trabalhadores informais.
Este ano, a Prefeitura do Rio ampliou o número de ambulantes cadastrados para atuar nos blocos de rua, passando de 10 mil em 2024 para 15 mil em 2025.
Bares e restaurantes aproveitam folia
Os bares e restaurantes também têm adaptado suas operações para atender à demanda crescente do pré-carnaval. No Super Bar, na Cinelândia, o movimento dos foliões surpreendeu a equipe já no primeiro domingo do ano.
“Já começou o pré-carnaval e já bombou aqui”, contou Flávio Alexandre Filho, gerente do estabelecimento. O bar precisou estender o horário de funcionamento até as 23h e reorganizar as escalas de funcionários para acompanhar o aumento no fluxo. Flávio projeta um crescimento de 30% no faturamento durante o período.
Fernando Blower, presidente do Sindicato de Bares e Restaurantes do Rio (SindRio), destaca que o carnaval tardio pode ser positivo para negócios localizados em áreas turísticas, como a zona sul e a Lapa.
“No entanto, estabelecimentos com foco mais executivo ou afastados das áreas de maior concentração de foliões podem experimentar uma diminuição no movimento”, ponderou Blower.
Setor de hotelaria e impacto do turismo
A hotelaria também se beneficia do carnaval em março. Alfredo Lopes, presidente do HotéisRIO, observa que a data mais distante do Réveillon permite que turistas nacionais tenham tempo para se organizar financeiramente, além de incentivar o retorno de quem esteve na cidade para a virada do ano.
“O carnaval em março estica a alta temporada no Rio, constituída pelo verão carioca”, explicou Lopes. Ele também destacou a desvalorização do real, que torna o Brasil ainda mais atrativo para visitantes internacionais.
Propostas de fixação do carnaval
Apesar de seu impacto positivo, a data móvel do carnaval, que depende do calendário religioso da Páscoa, já gerou debates sobre a possibilidade de sua fixação. Projetos de Lei apresentados na Câmara dos Deputados em 2008 e 2011 sugeriam que a festa fosse realizada sempre na primeira terça-feira de março, visando maior previsibilidade e benefícios econômicos.
Ambas as propostas foram arquivadas, mas a discussão evidencia a relevância do carnaval como um evento de impacto nacional em múltiplos setores.