Nesta quinta-feira (16), a Polícia Militar de São Paulo prendeu 15 policiais suspeitos de envolvimento com o crime organizado, durante uma operação liderada pela Corregedoria da PM. A ação incluiu o cumprimento de sete mandados de busca e apreensão. Os policiais são investigados por participarem de uma escolta ilegal e pela conexão com o assassinato de Vinicius Gritzbach, ocorrido em 9 de novembro de 2024, no aeroporto de Guarulhos.
Entre os detidos, destaca-se o policial militar identificado como autor dos disparos que mataram Gritzbach. Os outros 14 presos são suspeitos de integrar uma equipe que realizava escoltas pessoais ilegais para a vítima. A escolta utilizava até veículos que imitavam viaturas descaracterizadas, simulando operações oficiais. Um tenente, apontado como chefe da equipe, e outro oficial acusado de facilitar escalas de serviço para permitir a participação de subordinados na escolta também foram presos.
Conexão com o crime organizado e lavagem de dinheiro
De acordo com o corregedor da PM de São Paulo, coronel Fábio Sérgio do Amaral, Vinicius Gritzbach era réu por duplo homicídio e delator em investigações sobre lavagem de dinheiro para o Primeiro Comando da Capital (PCC). “Os policiais tinham conhecimento disso e voluntariamente e conscientemente aderiram e continuaram fazendo segurança pessoal desse indivíduo. Por isso, foram considerados integrantes da organização criminosa”, afirmou o coronel.
O secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, ressaltou o uso de ferramentas avançadas de inteligência nas investigações, como quebras de sigilo telefônico, análise de estações rádio-base e imagens de câmeras de segurança. Também será realizada a análise de material genético para aprofundar as apurações.
Mandantes do assassinato sob investigação
A delegada Ivalda Aleixo, diretora do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), informou que o homicídio de Gritzbach foi encomendado por membros do PCC. “Temos duas linhas de investigação relacionadas ao mandante, ambas apontando para a participação de integrantes da facção criminosa. Com a prisão de um dos atiradores, as investigações vão avançar rapidamente”, destacou a delegada.
Embora as evidências indiquem a participação de membros do PCC no planejamento do crime, não há indícios de que outros policiais estejam diretamente ligados ao papel de mandantes. “Os elementos indicam conexões com membros do PCC que não fazem parte da corporação”, explicou Ivalda.
PMs responderão por desvios de conduta
Durante coletiva de imprensa, o secretário Guilherme Derrite reafirmou que os desvios de conduta serão rigorosamente punidos. “A exceção da exceção comete desvio de conduta e pode manchar o nome da instituição. Esses que cometem esse desvio vão responder por isso, com direito à ampla defesa, mas vão responder”, enfatizou.
Derrite destacou que a Polícia Militar de São Paulo não tolera ações que comprometam sua integridade e garantiu que a Corregedoria continuará trabalhando para responsabilizar os envolvidos.
Repercussões e próximos passos
Com as prisões e a identificação de um dos atiradores, as investigações entram em uma nova fase, focada na identificação do mandante e de outros envolvidos. O trabalho da Corregedoria e do DHPP é essencial para desmontar a rede criminosa. Especialistas em segurança pública apontam que operações como esta são fundamentais para fortalecer a confiança da sociedade na instituição.
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*Com informações: Agência SP