A defesa do general Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), afirmou nesta quarta-feira (3) ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o militar teria se afastado do ex-presidente Jair Bolsonaro no fim do mandato e que nunca discutiu qualquer tentativa de golpe de Estado.
Argumentos da defesa
O advogado Matheus Milanez, que representa Heleno, declarou em sustentação oral que o distanciamento ocorreu quando Bolsonaro se aproximou do Centrão e se filiou ao PL.
“Quando o presidente Bolsonaro se aproxima dos partidos do Centrão e tem sua filiação ao PL, inicia-se sim um afastamento da cúpula do poder”, disse.
Segundo Milanez, testemunhos de servidores do GSI apontam para uma “clara redução da influência do general”. A defesa apresentou ainda uma anotação da agenda particular de Heleno na qual recomendava que Bolsonaro tomasse a vacina contra a covid-19, algo que o ex-presidente recusou.
Contestação das provas
A Procuradoria-Geral da República (PGR) usa como indício uma fala de Heleno em reunião ministerial, na qual afirmou ser “necessário fazer alguma coisa antes das eleições”. Para Milanez, a frase não tinha conotação golpista, mas sim legalista: “Após as eleições não tem discussão, quem ganha a maioria dos votos leva”.
O advogado alegou ainda que a agenda particular usada como prova teria sido manipulada. “Nós provamos que a agenda foi manipulada, com esquecimentos e construções de linhas de raciocínio que não existem”, afirmou, acrescentando que a Polícia Federal teria induzido a acusação ao erro.
Julgamento no STF
A Primeira Turma do STF analisa a denúncia da PGR contra Bolsonaro e mais sete aliados, acusados de integrar uma trama golpista para reverter o resultado das eleições de 2022.
Na terça-feira (2), foram ouvidas as defesas de Mauro Cid (ex-ajudante de ordens), Alexandre Ramagem (ex-diretor da Abin), Almir Garnier (almirante da Marinha) e Anderson Torres (ex-ministro da Justiça).
Nesta quarta-feira (3), apresentam-se os advogados de Bolsonaro, de Heleno, do ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira e do general Braga Netto, ex-candidato a vice na chapa presidencial de 2022.
O julgamento terá oito sessões, marcadas para os dias 2, 3, 9, 10 e 12 de setembro, quando deverá ser conhecida a decisão sobre a condenação ou absolvição dos oito réus. A sessão é transmitida ao vivo pela TV Justiça, Rádio Justiça e pelo canal do STF no YouTube.
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*Com informações: Agência Brasil