A dificuldade para enxergar é a principal deficiência enfrentada pela população brasileira, segundo o último Censo Demográfico, divulgado em 2022 pelo IBGE.
De acordo com os dados, entre os 14 milhões de brasileiros que convivem com algum tipo de deficiência, quase 8 milhões apresentam algum grau de deficiência visual.
O levantamento inclui tanto pessoas cegas quanto indivíduos com problemas crônicos de visão, mesmo aquelas que utilizam óculos ou lentes de contato, mas ainda assim enfrentam limitações. Dessa forma, o dado acende um alerta sobre a saúde ocular no país.
Dados revelam cenário preocupante da saúde visual no Brasil
A cegueira, caracterizada pela perda total da visão, afeta atualmente cerca de 500 mil brasileiros, segundo o IBGE. As causas são diversas, indo desde condições congênitas até doenças adquiridas ao longo da vida.
A diabetes, por exemplo, pode comprometer os vasos sanguíneos da retina, enquanto o glaucoma afeta o nervo óptico de forma silenciosa. Já a degeneração macular atinge a parte central da retina, dificultando tarefas como leitura e reconhecimento de rostos.
Além desses casos mais graves, há milhões de brasileiros que enfrentam limitações crônicas de visão que não são corrigidas nem com óculos nem com lentes de contato. Ao todo, o censo aponta que 7,9 milhões de pessoas vivem com algum grau de deficiência visual.
Catarata é uma das principais causas de cegueira
Entre as doenças que podem levar à cegueira, a catarata é uma das principais. Ela ocorre quando o cristalino, que é a lente natural dos olhos, se torna opaco, dificultando a entrada da luz e prejudicando a visão de maneira gradual.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a catarata é responsável por 51% dos casos de cegueira no mundo. Apesar de ser mais comum após os 60 anos, também pode ser causada por traumas, doenças ou uso prolongado de certos medicamentos.
Segundo o especialista Dr. Ricardo Filippo, da COI Oftalmologia, o tratamento cirúrgico é indicado quando a condição começa a interferir nas atividades diárias, como ler ou dirigir. Adiar a cirurgia, no entanto, traz riscos importantes: com o tempo, a catarata se torna mais densa e endurecida, o que dificulta o procedimento, aumenta as chances de complicações e compromete a segurança e a qualidade de vida.
A cirurgia de catarata é considerada segura e rápida, com grandes índices de sucesso e realizada com anestesia local e alta no mesmo dia. “Hoje, a cirurgia de catarata vai muito além de simplesmente restaurar a visão, ela representa uma verdadeira reabilitação visual. Com as lentes intraoculares modernas, conhecidas como lentes Premium, por exemplo, é possível corrigir miopia, hipermetropia, astigmatismo e até a presbiopia, proporcionando visão nítida em várias distâncias e reduzindo a dependência dos óculos”, explica Ricardo.
O procedimento consiste na retirada do cristalino opaco e sua substituição por uma lente intraocular, possibilitando não apenas voltar a enxergar, mas também passar a enxergar melhor do que antes da catarata, com mais conforto, nitidez e qualidade na visão.
Acesso ao tratamento ainda é desigual no país
Conforme a Organização das Nações Unidas (ONU), 80% das pessoas com problemas de visão no mundo vivem em regiões com pouca estrutura para atendimento adequado. Essa realidade também se reflete no Brasil, onde o acesso a tratamentos oftalmológicos ainda é desigual.
Muitas vezes, os custos envolvidos em consultas, exames e cirurgias dificultam o acesso da população mais vulnerável. Por isso, cresce a demanda por políticas públicas que garantam um atendimento oftalmológico mais abrangente.
Por outro lado, os avanços da ciência e da tecnologia têm contribuído para tornar tratamentos mais acessíveis. Ainda assim, vale reforçar que, ao surgirem sintomas, a busca por orientação médica qualificada é essencial.
