O deputado federal Kim Kataguiri, um dos líderes da oposição ao governo e autor da PEC Anti-Privilégio, será o convidado do The Noite desta segunda-feira (8). Na conversa, ele fala sobre os seus projetos, a experiência em Brasília e a urgência de reformas estruturais no país.
“Eu imaginava que as coisas fossem ruins. Agora, com seis anos de mandato, chego à conclusão de que elas são uma desgraça, muito piores do que eu pensava. Até hoje tem gente no plenário que não sabe como funciona a Casa. Alguns deputados não leem os projetos que votam”, desabafou o parlamentar, que cumpre seu segundo mandato pelo União Brasil e atualmente trabalha na criação do Partido Missão.
Sobre a PEC Anti-Privilégio, que propõe o fim dos supersalários e privilégios da elite do serviço público, Kim é enfático: “Não é só para deputados e senadores, mas também para juízes e promotores. Muitos políticos discursam contra as elites, mas eles próprios fazem parte dela. E não é só o salário: o deputado, por exemplo, tem direito a carro, a frequentar os restaurantes mais caros, a segurança, plano de saúde… Eu abro mão de tudo isso. Só essa decisão representa 2,5 milhões de reais devolvidos aos cofres públicos. Imagine se os outros deputados fizessem o mesmo.”
Kim também relatou o desafio de aprovar o projeto Alerta Pri, inspirado no sistema americano Amber Alert, que envia mensagens no celular sobre crianças, idosos e pessoas com deficiência desaparecidas: “O projeto do Alerta Pri exigiu que eu passasse oito meses tentando convencer os líderes do partido e o presidente da Câmara a aprovar a urgência, que é justamente abreviar a tramitação para ir direto à votação. Conseguimos aprovar na Câmara e agora precisamos aprovar no Senado, para depois seguir para sanção presidencial.”
Questionado sobre o futuro e a possibilidade de disputar a Presidência, Kim comentou: “A idade mínima para ser candidato a presidente é de 35 anos; ainda não posso, mas um dia gostaria, sim. Historicamente, falta ao Brasil um presidente, governador ou prefeito que não pense apenas em pequenas negociações, mas em deixar uma marca na história. Meu maior medo, metade altruísmo, metade vaidade, é passar pela vida sem ser lembrado por nada. Meu sonho, e o motivo de eu estar na política, é deixar um legado que beneficie as pessoas e pelo qual eu seja lembrado.”
Sobre o país, o deputado é direto: “Eu acho que não há como o Brasil se transformar em um país desenvolvido com essa Constituição. Defendo que precisamos de uma nova, do zero. Nós fracassamos em praticamente todos os setores. Não somos referência para o mundo em educação; em saúde e segurança pública, nem se fala. temos mais mortos no Brasil do que países em guerra. Tirando alguns pontos de excelência, como a pesquisa agropecuária da Embrapa, o agronegócio, a aviação civil, o ITA e a Embraer, ou a medicina da USP, fracassamos em quase tudo. Por isso precisamos reformar tudo”, finaliza.
O The Noite é apresentado por Danilo Gentili e vai ao ar de segunda a sexta-feira, no SBT. Hoje, a partir de 00h15.