Nesta semana, o IBGE divulgou a totalização do Censo 2022 sobre os números da população indígena em todo o país. Foram registrados no Brasil 1,7 milhão de habitantes descendentes dos povos originários, praticamente o dobro do que havia sido apurado no Censo de 2010.
O IBGE também divulgou a população indígena de cada cidade e 86% dos municípios brasileiros aparecem nessas tabelas. Diadema não foi exceção, com 288 moradores se declarando indígenas.
“O número foi maior do que esperávamos,” comentou Márcia Damaceno, coordenadora de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (CREPPIR). “Tínhamos um registro da Secretaria de Assistência Social e Cidadania (SASC) que contabilizava 188 indígenas. Agora vamos mapear esses outros 100, fazer visitas e tentar mobilizá-los para que ocupem vagas no Conselho de Igualdade Racial e auxiliem a Prefeitura na construção de políticas para esta população.” As eleições para os novos conselheiros será em outubro.
Voz das Ancestrais
Uma que que já está participando e contribuindo com as políticas públicas para indígenas do Grande ABCD é a assistente social Amanda Pankararu, atual coordenadora da Casa Beth Lobo, em Diadema, e recentemente convidada a integrar o GT Igualdade Racial do Consórcio Grande ABC.
“Me reconheço enquanto indígena desde minha infância, uma vez que minha família paterna sempre me apresentou esse pertencimento e frequentava nossa aldeia mãe em Pernambuco,” afirmou ela, que também se surpreendeu com o número, além do que ela mesmo esperava. “Eu vejo isso como um avanço do movimento indígena como um todo, em especial no ABCD.”
Ela, cuja família é de Mauá, tem recordações significativas da infância no movimento indígena e do dilema quanto à sua identidade indígena, uma vez que a imagem circulada pelo senso comum ainda é carregada de estereótipos. “Impostos pela invasão colonial,” frisa Amanda.
Para a Pankararu, compor com outros indígenas da região dentro do Consórcio será uma extensão do trabalho que já vem fazendo há anos. “Só fortaleci meu pertencimento a partir do fortalecimento da militância e do encontro com outros parentes indígenas. Como militante que cresceu e circula no ABCD, bem como trabalhadora em um equipamento de política pública, entendo que posso levar experiências e reflexões para esse espaço no sentido de compor a luta antirracista e de ampliar as vozes das minhas ancestrais.”
Um seminário indígena, promovido pela Prefeitura, acontecerá dia 15 de agosto e vai celebrar o Dia Internacional dos Povos Indígenas, comemorado hoje (9). O evento, aberto a todos os interessados, acontece no Centro Cultural Okinawa do Brasil – Avenida Sete de Setembro, 1.670, no Centro.
_________________
Fonte: PMD