Em um dia de forte volatilidade no mercado financeiro, o dólar comercial voltou a ultrapassar a barreira dos R$ 5,90 nesta sexta-feira (28), atingindo o maior patamar em mais de um mês. A moeda norte-americana encerrou o dia cotada a R$ 5,916, com alta de 1,5%. O cenário externo e incertezas na política doméstica contribuíram para o avanço da divisa e pressionaram a bolsa de valores, que registrou queda de 1,6%, fechando o mês com recuo acumulado de 2,64%.
Nomeação de Gleisi Hoffmann e impacto no mercado
Um dos fatores que movimentaram os mercados foi a nomeação da deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR) para a Secretaria de Relações Institucionais. A escolha da parlamentar, que já fez críticas à política monetária do Banco Central e aos cortes no orçamento do governo, foi recebida com apreensão por investidores.
A reação negativa se refletiu no câmbio: após uma manhã de relativa estabilidade, o dólar começou a subir de forma mais acentuada após o anúncio. A desvalorização do real se intensificou ao longo da tarde, levando a moeda norte-americana ao seu maior patamar desde 24 de janeiro.
Bolsa cai com cenário externo e Petrobras em baixa
O Ibovespa, principal índice da B3, também sofreu impacto dos acontecimentos políticos e econômicos. O indicador fechou o dia em 122.709 pontos, com recuo de 1,6%. Além da incerteza com a política interna, os mercados reagiram à divulgação do núcleo da inflação ao consumidor nos Estados Unidos, que subiu 0,3% em janeiro.
Outro fator que pesou sobre o índice foi o desempenho da Petrobras. A estatal segue em baixa após a divulgação dos lucros de 2024, que vieram abaixo do esperado pelo mercado. No acumulado da semana, a bolsa caiu 3,41%, enquanto no mês a perda foi de 2,64%.
Tensão entre Trump e Zelensky impulsiona o dólar globalmente
Além do cenário nacional, o mercado global também enfrentou turbulências. A cotação do dólar disparou em diversos países após um embate público entre o ex-presidente dos EUA Donald Trump e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. O episódio ocorreu durante uma transmissão ao vivo no Salão Oval da Casa Branca, causando apreensão sobre a estabilidade geopolítica global.
Com isso, o índice que mede a força do dólar frente a seis das principais moedas internacionais subiu 0,22%, revertendo a trajetória de queda observada ao longo da sessão. Esse movimento contribuiu para fortalecer a moeda norte-americana também no Brasil.
Perspectivas para os próximos dias
A forte oscilação dos mercados reforça o ambiente de incerteza que deve continuar impactando o câmbio e a bolsa nos próximos dias. Com a valorização do dólar, aumenta a pressão sobre a inflação no Brasil, especialmente no setor de combustíveis e produtos importados. Já a bolsa de valores pode seguir volátil, dependendo dos desdobramentos políticos internos e dos dados econômicos internacionais.
Os investidores agora aguardam novas declarações do governo sobre a política econômica e o comportamento do Banco Central diante do cenário desafiador.
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*Com informações: Agência Brasil