A insônia, caracterizada pela dificuldade em adormecer, manter o sono ou acordar cedo demais, é um dos distúrbios de sono mais comuns. Embora possa parecer apenas um incômodo, em muitos casos afeta significativamente a qualidade de vida. Estima-se que 10% da população mundial sofra de insônia em grau considerado clínico.

Nesta entrevista, a neurologista Yvely Iunes Akel, da Unimed Araxá, explica o que está por trás da falta de sono, quais os principais fatores de risco e como é possível tratar o problema.
O que é insônia?
Insônia é quando a qualidade do sono não é boa. Isso pode significar que a pessoa não está dormindo o suficiente, não está dormindo bem ou tem dificuldades para adormecer ou manter o sono. Para alguns, é apenas um incômodo; para outros, pode ser uma grande perturbação.
A insônia pode ser considerada uma doença?
Sim. Cerca de 10% da população mundial sofre de insônia em grau que pode ser considerado uma condição médica. Em geral, não é perigosa e existem várias formas de tratamento, incluindo medicamentos e terapias voltadas para a saúde mental.
O que pode ser considerado um sono “normal”?
Os hábitos e as necessidades de sono variam bastante. Por isso, os especialistas consideram uma ampla gama de padrões como normais. Algumas pessoas preferem dormir e acordar cedo, outras preferem horários mais tardios. Há quem precise naturalmente de menos horas de sono, por fatores até genéticos. Também existem diferenças aprendidas: militares em combate, por exemplo, costumam ter sono leve, enquanto outros desenvolvem sono pesado para conseguir descansar mesmo em ambientes ruidosos. Além disso, a necessidade de sono muda ao longo da vida: bebês precisam de 14 a 17 horas por dia, enquanto adultos necessitam de sete a nove horas.
Quais fatores podem causar ou contribuir para a insônia?
São vários. O histórico familiar é importante, já que características do sono, incluindo insônia, podem ser hereditárias. Diferenças na atividade cerebral também influenciam: algumas pessoas têm o cérebro mais ativo, o que atrapalha o sono. Questões médicas contam muito, desde problemas temporários, como infecções, até doenças crônicas, como refluxo ácido ou Parkinson. Condições de saúde mental, como ansiedade e depressão, estão presentes em cerca de metade dos casos crônicos. Além disso, circunstâncias de vida estressantes, mudanças de rotina (como trabalho em turnos ou jet lag) e hábitos inadequados de sono — como excesso de cafeína, falta de rotina ou cochilos frequentes — contribuem bastante.
Como a medicina classifica os tipos de insônia?
Há duas formas principais de classificação. Pelo tempo de duração, pode ser aguda (curto prazo) ou crônica (longo prazo), que chamamos de transtorno de insônia. Pela causa, pode ser primária, quando ocorre espontaneamente, ou secundária, quando é sintoma de outra condição ou circunstância.
Quais são os sintomas mais comuns?
A insônia pode se manifestar de três formas: dificuldade para iniciar o sono (insônia inicial), dificuldade para manter o sono, com despertares noturnos (insônia intermediária), ou despertar precoce, quando a pessoa acorda muito cedo e não consegue voltar a dormir (insônia tardia). Como consequência, durante o dia surgem sintomas como cansaço, sonolência, dificuldade de concentração, lapsos de memória, irritabilidade, ansiedade ou depressão.
Quais são os principais riscos da insônia para a vida cotidiana?
Além do cansaço e do mau humor, a insônia pode prejudicar atividades sociais, profissionais e de lazer. Há ainda riscos de segurança: dirigir ou operar máquinas com reflexos reduzidos, por exemplo, é perigoso.
E como tratar a insônia?
Existem várias estratégias. A primeira é adotar bons hábitos de sono, conhecidos como higiene do sono. Isso envolve manter horários regulares, evitar cafeína à noite, preparar um ambiente adequado para dormir e limitar o uso de telas antes de se deitar. Medicamentos podem ser usados em alguns casos, mas sempre sob orientação médica, para evitar dependência ou efeitos colaterais. Além disso, tratar condições associadas, como ansiedade e depressão, é fundamental.
Qual a recomendação para quem enfrenta dificuldades para dormir?
Nunca se automedique. Se houver suspeita de distúrbio do sono, procure um especialista. O diagnóstico correto é essencial para definir o tratamento mais seguro e eficaz.
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Fonte: ATRÊS