O ex-delegado-geral de São Paulo e atual secretário de Administração de Praia Grande, Ruy Ferraz Fontes, de 66 anos, foi assassinado a tiros de fuzil nesta segunda-feira (15), durante uma emboscada no bairro Nova Mirim, em Praia Grande, na Baixada Santista.
O crime
O ataque ocorreu por volta das 18h, na Avenida Dr. Roberto de Almeida Vinhas, próximo ao Fórum da cidade. Segundo a Polícia Militar, criminosos em uma SUV preta perseguiram o Fiat Argo conduzido por Fontes, que perdeu o controle e colidiu contra um ônibus. Em seguida, três homens desceram de outro veículo e efetuaram disparos de fuzil contra o ex-delegado, que morreu no local.
Durante a ação, um homem e uma mulher que passavam pelo local foram atingidos e socorridos pelo Samu. As vítimas foram levadas para a UPA Quietude e depois transferidas ao Hospital Municipal Irmã Dulce, sem risco de morte.
Reforço policial e investigações
Após o ataque, a PM localizou o carro usado pelos criminosos e isolou a área para perícia. A Secretaria de Segurança Pública (SSP-SP) acionou equipes de inteligência e grupos especializados para investigar o caso. O comandante do Choque, coronel Valmor Racorti, anunciou o envio de pelo menos 100 policiais para reforçar o policiamento na região.
O Ministério Público de São Paulo (MPSP) e a cúpula da SSP tratam a execução como possível vingança do Primeiro Comando da Capital (PCC). Fontes havia sido jurado de morte pela facção em 2019, após a transferência do líder Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, para um presídio federal.
Trajetória contra o crime organizado
Com mais de 40 anos de carreira na Polícia Civil, Ruy Ferraz Fontes foi um dos principais nomes no combate ao crime organizado em São Paulo. Formado em Direito pela Faculdade de São Bernardo do Campo, com pós-graduação em Direito Civil, comandou divisões estratégicas como Deic, Denarc, Homicídios e Decap.
Nos anos 2000, à frente da Delegacia de Roubo a Bancos do Deic, coordenou investigações pioneiras contra o PCC, mapeando sua estrutura e indiciando integrantes da cúpula. Também liderou operações que levaram líderes da facção ao Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), em Presidente Bernardes.
Entre 2019 e 2022, foi delegado-geral da Polícia Civil no governo João Doria, quando conduziu transferências de líderes do PCC para presídios federais. Durante sua carreira, sofreu ameaças constantes e sobreviveu a pelo menos uma tentativa de atentado.
Desde 2023, estava afastado da segurança pública e exercia o cargo de secretário de Administração de Praia Grande.
Repercussão
A Prefeitura de Praia Grande e a SSP-SP lamentaram o assassinato e ressaltaram o legado de Fontes no enfrentamento ao crime organizado. O delegado-geral Artur Dian e outras autoridades estaduais se deslocaram à Baixada Santista para acompanhar as investigações.