Com o excesso de estímulos nas redes sociais e a rotina cada vez mais acelerada, atividades como colorir desenhos voltaram à moda entre jovens e adultos em busca de equilíbrio mental e menos ansiedade. Além de proporcionar um momento de introspecção, o hábito já é reconhecido por especialistas como ferramenta eficaz contra o estresse e até sintomas depressivos.
Segundo o professor Sérgio Kodato, do Departamento de Psicologia da USP de Ribeirão Preto, os livros de colorir funcionam como uma forma de meditação ativa:
“Promovem relaxamento ao deslocar o foco da mente das preocupações cotidianas para a tarefa de colorir. Isso ajuda a reduzir o estresse e a ansiedade de forma natural.”
Se antes a febre era pintar mandalas ou jardins, hoje os temas mais buscados são desenhos com animais humanizados — retratados cozinhando, lendo ou até andando de bicicleta. Uma combinação de arte, desconexão e bem-estar que vem ganhando cada vez mais espaço, inclusive nas redes sociais.
Bobbie Goods – Do TikTok para a vida real
A estudante Giovanna Ravanelli Fidelis, de 22 anos, conheceu o novo hobby no TikTok, mas foi justamente ele que a ajudou a sair das redes:
“Eu era uma pessoa muito conectada. Com os livros de colorir, encontrei uma forma de me desligar e focar em mim mesma. Melhorou meu humor, meu sono e minha disposição.”
Giovanna relata que, após adotar o hábito, passou a se dedicar mais à convivência com a família e aos momentos offline:
“É um momento só meu. Quando estou colorindo, sinto que o tempo desacelera. Parece pouco, mas faz uma diferença enorme no meu bem-estar.”
Uma alternativa à sobrecarga digital
De acordo com Kodato, o uso excessivo das redes está relacionado ao aumento da ansiedade, insônia e até comportamentos compulsivos:
“As telas expõem as pessoas a uma carga intensa de estímulos visuais, pressão social e comparação constante. Isso esgota mentalmente.”
Colorir, segundo ele, ativa o lado criativo do cérebro, desacelera o ritmo interno e reduz os níveis de cortisol, o hormônio do estresse. Além disso, não exige habilidades artísticas, o que torna a atividade acessível e inclusiva.
Muito além das canetinhas
O professor destaca que outras práticas analógicas também têm efeitos semelhantes:
Jardinagem, Leitura, Caminhadas, Meditação, Escrita em diários, Artes manuais.
“Qualquer atividade criativa que afaste o indivíduo do excesso digital ajuda na saúde mental e promove autoconsciência. O importante é desacelerar e se reconectar.”
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*Com informações: Agência SP