O Governo de São Paulo decretou, nesta quarta-feira (19), situação de emergência em saúde pública devido à epidemia de dengue. O anúncio foi feito pelo secretário de Estado da Saúde, Eleuses Paiva, durante reunião do Centro de Operações de Emergências (COE) para as arboviroses, realizada no Instituto Butantan, na capital paulista.
A medida facilita o acesso dos 225 municípios paulistas mais afetados a recursos federais e estaduais. Essas cidades já registraram mais de 300 casos de dengue por 100 mil habitantes. Com o decreto, as prefeituras poderão decretar emergência em âmbito local e adotar ações rápidas para enfrentar a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue.
Medidas emergenciais anunciadas
Entre as ações anunciadas pelo governo estão:
- Aumento de 20% no teto MAC (Média e Alta Complexidade) para internações de pacientes com dengue no Sistema Único de Saúde (SUS), ampliando a capacidade de atendimento hospitalar;
- Investimento de R$ 3 milhões na aquisição de 100 novos equipamentos de nebulização portátil e 10 de nebulização ambiental, reforçando o combate ao mosquito em todo o estado;
- Compra de 32 milhões de itens médicos, como sais de reidratação oral, soro fisiológico e antitérmicos, para apoiar municípios com dificuldades no abastecimento das unidades de saúde.
“Mais uma vez o Estado se antecipa no enfrentamento da doença. O objetivo é garantir que cada município tenha a infraestrutura necessária para adotar as medidas certas no momento certo”, destacou o secretário Eleuses Paiva.
Vacinação contra a dengue
O Instituto Butantan está desenvolvendo a primeira vacina de dose única contra a dengue do mundo, com estudos iniciados em 2016 e concluídos em junho de 2024. O imunizante é tetravalente, protegendo contra os quatro sorotipos da dengue, incluindo o DENV-3, que voltou a circular no estado.
Segundo o diretor do instituto, Ésper Kallás, a vacina apresentou resultados promissores, com redução de 79,6% no risco de adoecer e 89% nas formas graves da doença. Atualmente, o Butantan está em processo de submissão à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para obter o registro e autorização de uso do imunizante.
Mobilização e ações integradas
O governo paulista reforçou o Plano de Contingência das Arboviroses Urbanas 2025/2026, apresentando estratégias para o combate à dengue, chikungunya e Zika. As ações incluem:
- Criação do COE, que reúne diversas secretarias e órgãos estaduais, como Saúde, Casa Civil, Defesa Civil, Educação e Meio Ambiente;
- Antecipação de R$ 228 milhões do IGM SUS Paulista para os 645 municípios do estado;
- Capacitação dos profissionais de saúde para o manejo clínico e atendimento adequado aos pacientes.
A diretora do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) da SES, Tatiana Lang, reforçou a importância da conscientização da população no combate à doença.
“A conscientização é a medida mais eficaz para combater a doença. E as campanhas desempenham um papel fundamental no fortalecimento do combate às arboviroses”, afirmou Lang.
Transparência e comunicação
A Secretaria de Estado da Saúde lançou novos painéis de transparência, disponíveis no site dengue.saude.sp.gov.br, onde é possível consultar em tempo real os números de casos de dengue e chikungunya em cada município do estado.
Além disso, o governo iniciou a campanha “São Paulo: somos todos contra o mosquito da dengue”, que incentiva a eliminação de criadouros do Aedes aegypti. A campanha está disponível no YouTube (assista aqui).
Para combater fake news e esclarecer dúvidas sobre as arboviroses urbanas, foi lançado o portal “Dengue 100 Dúvidas” (acesse aqui).
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*Com informações: Agência SP