Entre os meses de maio e junho, o Hospital Municipal de Diadema (HMD) realiza pesquisa com pacientes com 60 anos ou mais de idade, cuidadores e acompanhantes de idosos internados no serviço para avaliar o atendimento durante a estadia no hospital. As informações serão compiladas para avaliação e implantação de melhorias e vão compor os registros necessários para dar andamento ao processo de conquista do Selo Intermediário do Hospital Amigo do Idoso.
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O questionário é apresentado durante o período de hospitalização do paciente e possui 17 perguntas sobre momento da internação, atendimento, conduta dos profissionais, acessibilidade e orientações passadas na alta médica. Além disso, durante as visitas beira leito, o ouvidor do HMD também aplica o questionário para os pacientes e acompanhantes.
De acordo com a assessora técnica de direção do HMD, Denise Pelegrin, a documentação das ações e trabalhos desenvolvidos é fundamental para a certificação. “A equipe do HMD está sensibilizada para o cuidado desse público. Além dos protocolos, a capacitação constante da equipe faz com que tenha um olhar integral e diferenciado às necessidades e limitações do idoso e dos cuidadores/acompanhantes e situações ao seu redor. O selo traz esse reconhecimento na qualidade do atendimento”, enfatiza.
Ações
No HMD, 16% das pessoas internadas possuem 65 anos ou mais. O número representa pouco mais da percentagem da população diademense desta faixa etária, já que 13,56% da população de Diadema são idosos, ou seja, 54.810, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). “O envelhecimento populacional exige a adequação dos serviços hospitalares, pois, apesar da expectativa de vida elevada, a população idosa frequentemente enfrenta condições crônicas de saúde que afetam sua independência e autonomia”, afirma a assistente social do HMD Fabiana de Jesus Souza Ramos.
O Hospital adota, desde 2022, o Protocolo de Atendimento à Pessoa Idosa (PAPI), que contempla as diretrizes de atendimento e estrutura para o cuidado do idoso em ambiente hospitalar. Também foram implantados fluxos específicos para queda, prevenção de lesão por pressão, cuidados farmacêuticos, identificação e manejo de delirium ou estado confusional agudo, bem como segurança do paciente.
“O PAPI proporcionou uma mudança na visão dos cuidados prestados, favorecendo a participação do paciente na realização das suas atividades cotidianas, facilitando ou graduando a atividade, porém sempre considerando a iniciativa e interesse do paciente. Isso melhora a adesão ao tratamento, na autoestima e qualidade de vida durante a hospitalização, impactando diretamente na alta hospitalar”, explica Fabiana.
Cuidado integral
Durante a internação, o paciente se encontra em um ambiente diferente, vivendo uma rotina hospitalar sob cuidados de profissionais desconhecidos, o que pode gerar dependência e prejudicar sua autonomia. “Por isso é essencial a atuação de uma equipe multiprofissional que inclui fisioterapeuta, fonoaudióloga, nutricionista, terapeuta ocupacional e psicóloga para uma assistência integral e integrada às pessoas idosas, considerando as esferas funcionais e qualidade de vida num momento de vulnerabilidade”, explica Fabiana.
Esta equipe Multiprofissional realiza semanalmente, às sextas-feiras à tarde, o Grupo de orientações a acompanhantes onde conversam com acompanhantes e familiares dos idosos internados para tirar dúvidas e passar orientações especificas para cada situação dentro e fora do ambiente hospitalar. “Nesse momento, é possível compartilhar e sanar as dúvidas sobre questões de saúde, sociais ou familiares. Temos visto também, nestes grupos, a formação de redes de apoio, pois grande parte dos acompanhantes de idosos também são idosos”, afirma a fisioterapeuta Ana Paula Cyriacope.
A avaliação da equipe farmacêutica e conciliação medicamentosa ainda prevê a orientação sobre a prescrição dos medicamentos e como a interação com os remédios já usados rotineiramente podem impactar na evolução da saúde do paciente.
Outras medidas adotadas também beneficiam a população com 60 ou mais atendida no HMD, como assentos prioritários reservados, sinalização por cores para auxiliar na circulação das pessoas e direção dos fluxos dos serviços e locais específicos dentro do hospital, assentos elevados e barras de apoio nos banheiros e botão para chamada da equipe de enfermagem.
Além disso, foi adotada a planilha de transição de cuidados. No momento da alta, o Núcleo Interno de Regulação (NIR) do hospital insere nesta planilha todos os indivíduos que passaram por internação, assim como os agendamentos de especialidades solicitados durante a internação. Com isso, a Unidade Básica de Saúde (UBS) de referência traça o plano de cuidados para o acompanhamento dos pacientes.
“Com a planilha, conseguimos que a Atenção Básica priorize essa visita ao paciente após a alta e ele já tenha um agendamento com o especialista, quando necessário, evitando uma reinternação pelo mesmo motivo, otimizando e qualificando o cuidado integral através da rede de saúde do município”, afirma a diretora. “O maior beneficiário é o idoso porque ele tem mais dificuldade de ir atrás desses encaminhamentos”, complementa Ana.
Selo
O Selo Hospital Amigo do Idoso é uma chancela da Secretaria do Estado da Saúde (SES) que busca identificar ações para maior resolutividade ao atendimento, priorizar aspectos de segurança e conforto necessários para o público dessa faixa etária. O reconhecimento é feito em três adesões: selos inicial, intermediário e pleno, com características e ações mais complexas a cada etapa.
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Fonte: PMD | Texto: Renata Nascimento/PMD
Foto: Mauro Pedroso