O Governo Federal, em parceria com o Governo de São Paulo, realizou nesta sexta-feira (5), na B3, o leilão de concessão do túnel imerso Santos–Guarujá, retirado da lista de privatizações pelo presidente Lula e considerado uma das obras de mobilidade mais emblemáticas do país.
Leilão histórico em São Paulo
A vencedora foi a Mota-Engil Latam Portugal, que ofereceu desconto de 0,5% sobre a contraprestação pública máxima anual de R$ 438,3 milhões. A espanhola Acciona Concesiones também participou do certame, mas sem propor desconto.
O contrato, no modelo de Parceria Público-Privada (PPP) patrocinada, terá duração de 30 anos, prorrogável. Do investimento total, estimado em R$ 6,8 bilhões, até R$ 5,14 bilhões serão aportados em partes iguais pelo Governo Federal e pelo Governo de São Paulo, com o restante sob responsabilidade da iniciativa privada.
Estrutura e mobilidade
O túnel terá 1,5 km de extensão, sendo 870 metros imersos em módulos de concreto pré-moldados no leito do canal do Porto de Santos. O projeto prevê:
- três faixas por sentido, incluindo uma exclusiva para o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT);
- ciclovia;
- passagem para pedestres;
- galeria de serviços.
A obra reduzirá o tempo de deslocamento entre Santos e Guarujá de até 1 hora para cerca de 5 minutos, substituindo a atual dependência das balsas, que transportam diariamente mais de 21 mil veículos, 7,7 mil ciclistas e 7,6 mil pedestres.


Impacto regional e decisão federal
Segundo o governo, a obra deve gerar cerca de 9 mil empregos diretos e indiretos, além de ampliar a integração logística com o Porto de Santos.
O projeto recebeu Licença Ambiental Prévia da Cetesb em agosto de 2025 e faz parte do Novo PAC, principal programa federal de investimentos em infraestrutura. A definição pelo modelo de túnel imerso ocorreu após estudos técnicos descartarem alternativas como ponte ou túnel escavado, devido a restrições da Base Aérea de Santos, ao tráfego de navios e às condições do solo.
A relevância da obra é reforçada pelo fato de que o presidente Lula retirou o projeto da lista de privatizações herdada do governo anterior, optando por viabilizá-lo em regime de PPP com aporte público federal.
Protestos e questionamentos
Durante o leilão, moradores protestaram em frente à B3 contra possíveis desapropriações no bairro Macuco, em Santos, que podem atingir até 200 famílias.
O Ministério Público junto ao TCU tentou suspender o certame, alegando possíveis irregularidades. No entanto, o presidente do tribunal, ministro Bruno Dantas, rejeitou o pedido por falta de provas.
O evento contou com a presença do vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, do governador Tarcísio de Freitas, e dos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Márcio França (Empreendedorismo) e Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos).