
Em 1984, o ator Marcos Frota saía pela porta da frente da Fundação das Artes, de São Caetano do Sul, e mergulhava em uma carreira que viria a ser de sucesso em todo o país. Na última quinta-feira (14/09), após 33 anos, o artista entrou novamente na escola onde estudou e foi professor. Ao cruzar a mesma porta, suas primeiras palavras foram: “Foi uma época linda da minha vida”.
Frota retornou à escola para gravar entrevista que estará na próxima edição da Revista Raízes, editada pela Fundação Pró-Memória do município. Visitou todos os departamentos, abraçou e brincou com funcionários e, sobretudo, contou muitas histórias de sua época.
Chegou a beijar as paredes do Teatro Timochenco Wehbi. “Nesse palco aprendi tudo”, disse. Num estalo, pediu a todos que acompanhavam a visita – a diretora da escola, Ana Paula Demambro; o secretário de Cultura, João Manoel da Costa Neto; a coordenadora geral da Pró-Memória, Márcia Gallo; e a historiadora Cristina Toledo de Carvalho, entre outros – que se sentassem na plateia. Frota apresentou um trecho, de cerca de dez minutos, da peça “Como a Lua”, de Vladimir Capela, com a qual ganhou Prêmio Molière de melhor ator em 1981.
“Foi um presente recebê-lo e ouví-lo falar com tanto carinho da Fundação. Dá pra sentir generosidade e sinceridade nas suas palavras”, afirmou Ana Paula. Durante o encontro, o ator também interagiu com alunos da EMEF Anacleto Campanella, que participavam de uma visita monitorada à escola, juntamente com a secretária de Educação, Janice Paulino Cesar.
LEMBRANÇAS
Marcos Frota lembrou de pessoas e contou momentos marcantes de sua passagem pela Fundação das Artes.
O início da carreira: “Não é a gente que quer a arte, é a arte que quer a gente. Mas precisamos de um tempo para saber se nossa alma pertence a esse universo. E esse tempo eu tive aqui na Fundação. Daqui mergulhei definitivamente para a arte”.
A marca da entidade: “Quando você falava que era da Fundação das Artes era aquele respeito, era uma carteira de identidade”.
Sobre Vladimir Capella: “Ele transformou o teatro infantil. Capella levava a criança a sério, usava dramaturgia de verdade nas peças e, assim, revelou uma série de atores, diretores, gestores culturais”.
Sobre Milton Andrade, criador da escola: “Milton brigou pela Fundação das Artes e pela cultura. Ele ia, se expunha, batalhava e, se hoje essa escola ainda existe, é muito pela luta dele”.