No Dia Nacional da Mata Atlântica, celebrado em 27 de maio, um projeto vem ganhando destaque por conectar ciência, natureza e participação popular. O “Bichos do P.E.F.I.” é uma iniciativa da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo (Semil), que incentiva a observação da fauna silvestre no Parque Estadual das Fontes do Ipiranga (P.E.F.I.) e transforma visitantes em colaboradores da ciência.
Com mais de 24 mil registros já realizados por 480 participantes, o projeto estimula o registro fotográfico de animais encontrados no parque — uma das maiores reservas de Mata Atlântica da cidade de São Paulo, com 526 hectares, o equivalente a mais de três vezes a área do Parque do Ibirapuera. O material coletado é compartilhado na plataforma iNaturalist, onde especialistas auxiliam na identificação das espécies e contribuem para a construção de um banco de dados acessível à sociedade.
Até agora, já foram identificadas mais de 1.200 espécies, com destaque para os insetos, que somam 16 mil registros, e as aves, com 3.882. Uma das espécies mais observadas é o macaco bugio (Alouatta guariba clamitans), símbolo da fauna local.
Segundo Bruno Aranda, assistente técnico da Diretoria de Biodiversidade e Biotecnologia (DBB) da Semil e responsável pelo projeto, os números estão em constante evolução. “Como se trata de um projeto colaborativo e dinâmico, esses números estão em constante atualização. Assim como na ciência, muitas observações ainda precisam ser revisadas para alcançar um grau maior de confiabilidade científica. Ainda assim, o crescimento do engajamento público nessa ação de ciência cidadã é um dos principais resultados que buscamos alcançar”, afirmou.
O P.E.F.I., além de abrigar o Jardim Botânico de São Paulo, é uma das últimas grandes áreas de Mata Atlântica na capital e cumpre papel essencial na preservação de espécies e no equilíbrio ambiental urbano.
Para a diretora da DBB, Patrícia Locosque Ramos, o “Bichos do P.E.F.I.” tem papel estratégico na aproximação entre o público e a natureza. “O projeto é uma forma de aproximar as pessoas da natureza e revelar a riqueza da fauna que vive no parque. Além de gerar dados fundamentais para a conservação, a iniciativa promove o envolvimento da sociedade na valorização desse patrimônio natural e no fortalecimento do senso de pertencimento”, explicou.
A participação é aberta a qualquer pessoa. Basta acessar o site www.inaturalist.org ou baixar o aplicativo gratuito iNaturalist, criar um perfil e se juntar ao projeto. É essencial seguir as diretrizes da unidade de conservação, como não deixar resíduos, não coletar espécies e não alimentar os animais.
A iniciativa reforça que a preservação da Mata Atlântica depende também do envolvimento social e da valorização dos ecossistemas urbanos. No momento em que o bioma é considerado um dos mais ameaçados do Brasil, ações como essa se tornam ainda mais relevantes.
_______
Fonte: Semil
Foto: Bruno Aranda