A infraestrutura e a geopolítica do Mercosul ganharam um novo capítulo nesta sexta-feira (19/12). Com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de uma comitiva de ministros, foi inaugurada oficialmente a Ponte Internacional da Integração, ligando Foz do Iguaçu (PR) à cidade de Presidente Franco, no Paraguai.
A entrega ocorre em um momento estratégico para a economia nacional, sendo a primeira conexão viária construída entre as duas nações em seis décadas — a última havia sido a emblemática Ponte da Amizade, em 1965. A obra, parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), contou com um aporte total de R$ 1,9 bilhão, dos quais R$ 712 milhões foram financiados pela Itaipu Binacional.

Durante a cerimônia, realizada na nova aduana brasileira, o presidente Lula reforçou a importância comercial e social do empreendimento:
“Espero que muita gente do Paraguai vá visitar o Brasil e que muita gente do Brasil venha visitar o Paraguai. E que muitos produtos produzidos no Paraguai venham para o Brasil, assim como os produtos do Brasil possam ir para o Paraguai. Porque as duas economias precisam crescer e os nossos povos precisam melhorar a qualidade de vida”, destacou o presidente.
Engenharia de Ponta: O Maior Vão-Livre do Continente
A Ponte da Integração não é apenas um símbolo diplomático, mas um prodígio da engenharia civil moderna. A estrutura do tipo estaiada impressiona pelas dimensões e pela capacidade técnica:
- Extensão total: 760 metros;
- Vão-livre: 470 metros (o maior da América do Sul);
- Altura das torres: 190 metros (equivalente a um edifício de 54 andares);
- Pistas: Duas faixas simples com 3,6 metros de largura cada, além de acostamento e calçadas.
Essa nova rota foi projetada especificamente para absorver o fluxo de veículos pesados que hoje sobrecarrega a Ponte da Amizade. Atualmente, a antiga ligação entre Foz e Ciudad del Este suporta cerca de 100 mil pessoas e 45 mil veículos diariamente, gerando gargalos logísticos que afetam o preço final de produtos e o tempo de transporte em toda a região sul do continente.
Fases de Liberação: Como Funcionará o Tráfego
Apesar da inauguração, o uso da ponte será gradual para permitir a adaptação dos órgãos de fiscalização e a conclusão de obras complementares.
- Fase Atual (Início imediato): Liberada apenas para caminhões “em lastro” (sem carga), operando em dois sentidos.
- Segunda Fase (A definir): Autorização para ônibus de turismo fretados, com horários coordenados pela Receita Federal e Polícia Rodoviária Federal (PRF).
- Liberação Total (Fim de 2026 / Início de 2027): Prevista apenas após a conclusão do Corredor Metropolitano del Este, no lado paraguaio, que garantirá o acesso seguro para veículos de carga pesada.
O ministro dos Transportes, Renan Filho, assegurou que a parte brasileira da operação está plenamente operacional:
“A ponte está 100% pronta, a Receita Federal está preparada para trabalhar, a Polícia Federal também está preparada. As obras do lado brasileiro estão prontas, a rodovia perimetral que dá acesso à ponte também está 100% concluída. E, a partir de amanhã [sábado], nós vamos liberar o fluxo de caminhões por cima da ponte”, afirmou o ministro.
Impacto para o Grande ABC e o Cenário Nacional
Embora situada na fronteira paranaense, a Ponte da Integração reflete diretamente na indústria do Grande ABC e de outros polos produtivos do país. Por ser um corredor vital para a exportação de manufaturados e importação de insumos, a maior fluidez na fronteira reduz custos logísticos (“Custo Brasil”) e aumenta a competitividade dos produtos brasileiros no mercado vizinho.
A inauguração simboliza o compromisso com a integração produtiva do Mercosul, permitindo que o trânsito pesado de mercadorias seja separado do trânsito comercial e turístico de Foz do Iguaçu, preservando o turismo local e otimizando a fiscalização aduaneira.
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*Com informações: Agência Brasil
