Em uma cerimônia marcante neste 27 de janeiro, data que simboliza os 80 anos da libertação de Auschwitz, o Governo do Rio Grande do Sul oficializou sua adesão à definição de antissemitismo da IHRA (Aliança Internacional para a Memória do Holocausto). O ato representa um compromisso claro e inegociável com a liberdade, a tolerância e a diversidade.
Durante o evento, a presidente da Federação Israelita do Rio Grande do Sul, Daniela Raad, destacou a relevância histórica e atual da iniciativa. “Depois de 80 anos, é nosso dever, enquanto cidadãos que acreditam na coexistência, na tolerância e no respeito ao próximo, manter viva a memória do Holocausto. Aqueles que não lembram estão fadados a repetir os erros do passado”, afirmou.
Raad relembrou os horrores do Holocausto, onde mais de 6 milhões de judeus foram assassinados, e traçou paralelos com os desafios atuais: “O racismo expresso através do ódio contra os judeus – o antissemitismo – revela a incapacidade de convivência com o diferente. O que começa com os judeus não termina apenas com eles. É um alerta para toda a humanidade.”
Ela ainda ressaltou que os tempos atuais exigem posicionamento e coragem. “No dia 7 de outubro de 2023, Israel foi palco do maior assassinato de judeus desde o Holocausto, e desde então, o crescimento do antissemitismo assustou o mundo. Vimos judeus sendo perseguidos em Amsterdã, barrados em universidades americanas, e até aqui, no Brasil, observamos agressões, relativizações e negacionismo.”
O Presidente da Confederação Israelita do Brasil (CONIB), Claudio Lottenberg, ressaltou que “o Rio Grande do Sul é um estado politizado, com uma participação ativa na vida política brasileira. Assim, essa adesão fortalece ainda mais uma causa que defendemos mundialmente: a aliança é uma luta contra o antissemitismo e é absolutamente essencial. Para nós, ver o estado se unindo a essa luta é um grande privilégio'”.
A adesão do Rio Grande do Sul à definição de antissemitismo da IHRA coloca o estado ao lado de outros 10 estados brasileiros e do Distrito Federal na luta contra o preconceito e o ódio. “Parabenizo o Governador Eduardo Leite por este ato de coragem. A história nos ensinou que a luta contra o antissemitismo não pode ser tida como garantida. É necessário, sim, se posicionar de forma clara e firme contra a intolerância”, enfatizou.
Segundo o Governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, “precisamos pensar na humanidade. A convocação que fazemos em favor da unidade não implica a eliminação das diferenças, mas sim o respeito a elas, a capacidade de convivência e o entendimento de que, mais do que tolerância, é necessário reconhecer o valor da diversidade”, destacou.
Finalizando, a presidente reforçou o compromisso da comunidade judaica em continuar promovendo valores de convivência e respeito. “Que a diversidade seja motivo de orgulho, e não de discórdia. Que sejamos agentes construtores de uma sociedade fundada em valores sólidos, para que possamos viver em paz – Shalom.”
A cerimônia evidenciou que o silêncio diante da barbárie não é mais uma opção. Com este marco, o Rio Grande do Sul dá um passo decisivo para reafirmar sua posição como um estado comprometido com os valores humanos universais.
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Fonte: Camejo