Após seis anos de pesquisa, o ortopedista e médico do esporte Sérgio Piedade, da Unicamp, concluiu o desenvolvimento de um software inédito voltado à análise de resultados de tratamentos em atletas e praticantes regulares de atividades físicas.
A ferramenta, denominada 4-Domain Sports PROM (sigla para Patient Reported Outcome Measures, ou resultados reportados pelo paciente), possibilita uma avaliação detalhada da recuperação, considerando aspectos físicos e psicológicos vivenciados pelo próprio esportista.
Avaliação com foco nas particularidades do esporte
O software se diferencia por ser o primeiro voltado especificamente para essa população. Segundo Piedade, “as avaliações que a gente fazia em relação ao tratamento estavam baseadas em dados coletados a partir de questionários que não consideravam as especificidades e as demandas físicas desse grupo. O sistema foi desenvolvido para essa população específica”.
O questionário inclui quatro domínios:
- Condição anterior à lesão;
- Condição após a lesão;
- Expectativas em relação ao tratamento;
- Avaliação do tratamento recebido.
Cada domínio apresenta duas questões com respostas em escala de zero a dez, permitindo uma análise mais detalhada do impacto da lesão e da recuperação.
Informações clínicas e contexto esportivo
O aplicativo registra dados sobre o nível de atividade física antes da lesão, exigências da modalidade esportiva, tipo de lesão e sua interferência na qualidade de vida do atleta. Também investiga aspectos motivacionais e frequência da prática esportiva.
Piedade destaca que o objetivo não é gerar um escore final, mas sim possibilitar uma avaliação estatística descritiva e inferencial baseada em recortes clínicos e esportivos, adaptando-se à necessidade do profissional de saúde.

Ferramenta versátil e com foco em diferentes modalidades
O software permite o registro de informações adicionais como peso, altura, idade, tipo de lesão, modalidade e tratamento adotado. Com esses dados, é possível filtrar e cruzar informações específicas, como lesões mais comuns em goleiros, atacantes ou atletas de modalidades distintas.
“As modalidades esportivas podem ter demandas físicas específicas, por isso a importância de questões que fazem a classificação”, afirma Piedade. “As lesões não são uniformes.”
Acessível e multilíngue
Desenvolvido inicialmente em inglês, o questionário já foi traduzido para português, espanhol, italiano e chinês. Uma versão em francês está prevista para os próximos meses.
A equipe responsável pelo projeto contou com Cleide Moreira Silva (estatística), Anderson Barreto Furlan (programador de software), Marcelo Nishihata Fernandes (web designer) e Mariana Percario Piedade (roteirista e animadora).
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*Com informações: Agência SP