Uma operação deflagrada pela Prefeitura de Santo André na manhã desta quarta-feira (26) resultou no flagrante de um criadouro e abatedouro clandestino de animais em uma Área de Preservação Permanente (APP), na região do Jardim Utinga. A ação foi coordenada pela Secretaria de Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, por meio da equipe de fiscalização ambiental do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), com apoio da Guarda Civil Municipal (GCM), Polícia Civil, Cetesb e equipes da Secretaria de Saúde.
– mais notícias: Santo André
No local, os agentes identificaram uma série de irregularidades, incluindo a criação de animais como equinos, aves, suínos, caprinos e ruminantes, sem qualquer tipo de licença ambiental ou controle sanitário. A área invadida pertence ao antigo Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica), atual SP Águas, e fica às margens do córrego Oratório.
O prefeito Gilvan Junior destacou a importância da ação integrada: “As nossas equipes atuaram de forma rápida e eficaz para coibir essa prática criminosa, que coloca em risco a saúde pública e o meio ambiente. Esse trabalho conjunto entre diferentes setores da Prefeitura e forças policiais mostra nosso compromisso em garantir que leis ambientais e sanitárias sejam cumpridas. Não vamos tolerar esse tipo de crime em Santo André”.

Denúncia e investigação por drones revelaram criação irregular
A operação foi desencadeada após o recebimento de um ofício da Polícia Militar com denúncias sobre o trânsito irregular de bovinos nas avenidas Utinga e dos Estados, oferecendo riscos à segurança viária. A partir disso, o Semasa iniciou um trabalho de monitoramento por meio de drones e ferramentas de geoprocessamento. As imagens aéreas permitiram identificar o criadouro clandestino no final da Rua Planaltina.
Durante o monitoramento, foi constatada intensa movimentação de caminhões transportando animais vivos e presença de equipamentos utilizados para abate. As evidências reforçaram a suspeita de que o local não era apenas um criadouro, mas também funcionava como abatedouro ilegal.
O flagrante foi realizado na manhã desta quarta-feira, e equipes do Departamento de Vigilância em Saúde, do Bem-Estar Animal, da GCM, do GOE (Grupo de Operações Especiais da Polícia Civil) e da Cetesb foram acionadas imediatamente para a operação de interdição.

Maus-tratos e condições sanitárias precárias agravam situação
Além da ausência de qualquer tipo de licença, o local apresentava condições extremamente insalubres, caracterizando crime de maus-tratos. Os animais estavam confinados em baias sujas, sem vacinação adequada, em meio à presença de moscas, roedores e alimentos armazenados de forma inadequada. Parte do esgoto e dos resíduos oriundos da atividade era lançado diretamente no córrego Oratório, agravando ainda mais o impacto ambiental.
Durante a vistoria, foi encontrada maquinaria de corte e outras ferramentas típicas de abate. A legislação municipal proíbe a criação de suínos e ruminantes em áreas urbanas, e a atividade exercida no local não possuía qualquer autorização da Cetesb ou de órgãos de vigilância sanitária.
Animais serão transferidos ou abatidos conforme risco sanitário
A maior parte dos animais resgatados foi encaminhada pelo Departamento de Bem-Estar Animal para ONGs parceiras. No entanto, os porcos apreendidos serão abatidos e incinerados, conforme protocolo sanitário, por representarem risco à saúde pública.
Já os alimentos encontrados serão recolhidos pelo Semasa, responsável pelo descarte ambientalmente adequado. Segundo a Prefeitura, as autuações ambientais e sanitárias estão sendo formalizadas e os responsáveis foram conduzidos à Delegacia de Crimes Ambientais (Dicma), que dará prosseguimento à investigação criminal da atividade ilegal.
A Prefeitura reitera que denúncias ambientais podem ser feitas pelo telefone do Semasa ou por canais digitais disponíveis no portal oficial do município.